Deploy na Sexta #50: Quando ser bom não é suficiente
teu currículo também precisa passar pelo filtro das IAs
No meu tempo é que era bom, a gente entregava o currículo impresso, dava um aperto de mão firme e pronto, já marcava a entrevista rsrsrs. Brincadeiras à parte, esse tempo nem era tão bom e já passou faz tempo.
Em tempos em que cada vez menos encontramos processos seletivos totalmente manuais, acreditar que cursos e um bom portfólio são suficientes pode ser uma cilada. A maioria das empresas já usa plataformas de recrutamento automatizadas, que contam com inteligência artificial para triar candidatos.
Antes mesmo de um recrutador bater o olho no teu perfil, quem decide se tu vai avançar é um algoritmo. Isso significa que não basta ser qualificado, é preciso saber parecer qualificado para a máquina.
Bom, eu não acho isso justo. Mas é o que está acontecendo. Se tu não entender essa lógica, pode estar sendo cortado por falhas que não têm nada a ver com tua capacidade e tudo a ver com como tu se apresenta.
Uma das mais conhecidas no Brasil é a Gupy, que além de usar um sistema de triagem (o famoso ATS — Applicant Tracking System), também incorpora inteligência artificial para ranquear os candidatos com base na aderência ao perfil da vaga. Mas ela não está sozinha. Existem várias outras plataformas no mercado, como Kenoby e Lever, cada uma com seus próprios critérios e algoritmos de análise.
Como funciona na prática?
A ideia não é virar refém do algoritmo. É entender as regras do jogo pra conseguir jogar melhor. Não adianta ser bom tecnicamente se o teu currículo nem chega nos olhos de um recrutador porque foi mal interpretado por um sistema.
Quando tu envia um currículo pra uma vaga, esse sistema automatizado vai escanear tudo que tu escreveu e cruzar com o que foi pedido no anúncio. Ele busca correspondência entre as tuas qualificações e os critérios definidos pela empresa, tipo uma checagem automática. Se tu não usar os termos certos ou não deixar claro o que sabe fazer, tu pode ser descartado ali mesmo. E nem é por falta de competência, é só porque o sistema não encontrou o que precisava.
Usa as palavras exatas que estão na vaga: Não inventa moda. Se a vaga pede “.NET Core”, escreve isso exatamente. Não troca por “back-end moderno com tecnologias Microsoft”. O sistema que faz a triagem não entende variação, ele escaneia o texto em busca de palavras-chave. É quase como um buscador. Se não bater, tu passa batido.
E aqui vale um cuidado extra: às vezes tu usa um termo que só a tua empresa fala, mas o mercado usa outro nome. Se tu coloca “manifestação de clientes”, mas todo mundo fala “reclamação de clientes”, o sistema pode não te encontrar. Então vale a pena dar uma olhada em como as vagas são escritas e adaptar teu currículo pro vocabulário mais comum da área.
Coloca o cargo certo no teu objetivo: Sabe aquele “busco novos desafios na área de tecnologia”? Bonito, mas inútil pro ATS. Coloca o nome do cargo como ele aparece na vaga. Exemplo: “Desenvolvedor Front-end Pleno com foco em Angular”. A ideia é mostrar logo de cara que tu tá alinhado com o que a empresa procura.
Faz um resumo direto e técnico: Nada de “sou comunicativo, proativo, resiliente”. Isso não diz nada. Escreve um resumo com as techs e metodologias que tu realmente domina. Tipo: “3 anos de experiência com Angular 12+, consumo de APIs REST, testes com Jasmine e trabalho em times ágeis (Scrum)”. Isso o sistema entende. E o recrutador também.
Mostra o que tu fez e o que entregou: Não diz só “trabalhei num projeto de e-commerce”. Fala o que tu realmente entregou. “Implementei um novo fluxo de checkout com Angular + .NET Core que reduziu o abandono de carrinho em 18%.” Sempre que puder, coloca resultado. Mesmo que seja pequeno, dá contexto. Mostra que tu fez diferença.
Usa as ferramentas e tecnologias com contexto: Não joga uma lista solta no final: “React, Node.js, MongoDB, Docker…” Coloca essas techs dentro da tua experiência. “Criação de APIs com Node.js e MongoDB, deploy com Docker e versionamento com GitHub.” Isso deixa claro o que tu sabe fazer com cada coisa.
Mantém o currículo simples e limpo: Esquece layout todo estilizado com colunas, ícones, tabela, gráfico. O ATS pode nem conseguir ler direito. Fonte básica tipo Arial ou Calibri, seções bem marcadas (Experiência, Formação, Habilidades), e arquivo em docx ou PDF simples. Menos é mais aqui.
Não tenta enganar o sistema: Não usa truque tipo colocar palavra-chave em branco escondida. Isso já não funciona mais e pode te prejudicar. Foca em ser estratégico, não em burlar. Honestidade e clareza sempre ganham.
Ah, e uma coisa que pouca gente sabe: mesmo que tu não tenha feito nenhuma mudança grande no teu currículo, só atualizar ele nas plataformas de tempos em tempos já te ajuda a aparecer mais nas buscas dos recrutadores. A plataforma interpreta como um perfil ativo, e isso te dá mais chance de ser visto. Então faz sentido dar uma revisada a cada mês ou dois, mesmo que seja só pra ajustar uma descrição ou trocar uma palavra.
No fim das contas, adaptar teu currículo pro algoritmo não significa virar um personagem, significa contar tua história de um jeito que o sistema entenda.
O mercado mudou, e a forma de se apresentar também. Se tu chegou até aqui, já tá na frente de muita gente que ainda insiste em fazer tudo igual como era há dez anos. Agora é pegar essas dicas, buscar outras, revisar teu perfil com intenção e seguir tentando.
Talvez tu já tenha se sentido invisível, mesmo tendo feito tudo certo. Mas não desiste. Às vezes, o que falta não é melhorar quem tu é, mas ajustar como tu se mostra. E isso é possível. Com estratégia, paciência e consistência, tu vai passar pelo filtro, chegar até quem decide e, principalmente, conquistar o espaço que é teu por merecimento.
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Essa edição da newsletter levou 03:35 minutos pra ficar pronta e surgiu de uma conversa com um amigo que teve o currículo negado mesmo atendendo todos os critérios da vaga. Sim, acontece. E foi aí que resolvi trazer esse tema pra cá. Gostaria que eu respondesse alguma dúvida tua em uma edição? Deixa nos comentários!
Nos encontramos no próximo deploy, sexta-feira às 6:00. 🖖