Logo no meu primeiro emprego como desenvolvedora, entrei cheia de expectativas. Estava pronta para aprender com os mais experientes, absorver conhecimento e crescer profissionalmente. Após três anos, percebi que minha evolução havia estagnado. Estava presa em um ciclo interminável de débitos técnicos, lidando apenas com soluções emergenciais que limitavam meu aprendizado e ignoravam as habilidades que eu havia desenvolvido até então. Refatorar o sistema nunca era uma opção viável, já que estávamos constantemente sobrecarregados tentando dar conta de uma avalanche interminável de bugs, sem pessoal suficiente para atender às demandas.
O problema não era exatamente o ambiente ou as pessoas. Trabalhei com colegas incríveis, muitos deles seniores, mas o ritmo intenso do trabalho – um verdadeiro extreme go horse – e a cultura de apagar incêndios constante não deixavam espaço para aprender ou experimentar novas ideias. Os mais experientes estavam sempre atolados em tarefas urgentes, e a falta de tempo para estudar novos padrões ou compartilhar conhecimento tornou aquele ambiente sufocante para mim. Senti que estava ficando para trás, estagnada, enquanto o mundo lá fora evoluía.
Recentemente li um livro que trouxe uma dica que eu queria ter ouvido naquela época: "seja o pior desenvolvedor do teu time". À primeira vista, a ideia parece absurda – afinal, por que alguém escolheria intencionalmente estar em um lugar onde é a pessoa menos experiente? Mas, ao aprofundar na leitura e refletir, tudo fez sentido.
O autor explica que estar em um ambiente onde tu és o pior – ou o menos experiente – do grupo é, na verdade, uma oportunidade única de aprendizado. Quando estás cercado por pessoas mais qualificadas, tens a chance de observar como elas resolvem problemas, como estruturam o raciocínio, e como lidam com desafios que, para ti, podem parecer intimidadores. Ele menciona que o segredo está em adotar a humildade como ferramenta de crescimento, buscando absorver ao máximo o conhecimento compartilhado ao teu redor. Cada feedback recebido, cada revisão de código e cada discussão técnica se torna um curso intensivo que te ajuda a crescer.
Além disso, o autor reforça que a postura de "ser o pior" não é sinônimo de ser ineficiente ou incompetente, mas sim de reconhecer que sempre há algo novo para aprender. Ele menciona que essa abordagem não só impulsiona o teu crescimento, como também contribui para a tua própria resiliência – ao aceitar que estás em constante evolução, és menos propenso a te acomodar ou a te apegar a uma zona de conforto.
O capítulo em questão também aborda como os times mais experientes costumam elevar os padrões daqueles que estão no início da jornada. Estar ao lado de profissionais brilhantes te força a melhorar não por competição, mas por inspiração. Isso te leva a um estado de aprendizado contínuo, onde és constantemente desafiado a pensar de forma crítica e a buscar soluções melhores.
Na prática, o autor sugere maneiras de maximizar essa experiência. Ele recomenda que tu peças feedbacks regularmente, mesmo quando eles possam ser desconfortáveis de ouvir. Ele também sugere que tu aproveites ao máximo cada oportunidade de participar em projetos mais desafiadores, mesmo que isso signifique cometer erros no caminho – afinal, é nos erros que residem algumas das lições mais valiosas.
A coragem de mudar e começar de novo 😪
Quando decidi trocar de emprego, sabia que estaria saindo completamente da minha zona de conforto. Era um passo assustador, porque, apesar de ter acumulado uma boa base de experiência ao longo dos anos, sentia que estava desatualizada em relação às demandas mais modernas do mercado. A convicção de que não estava à altura das vagas disponíveis me deixava insegura, mas também foi um alerta: eu precisava de um ambiente que me desafiasse a aprender, a explorar novas tecnologias e a sair do marasmo técnico em que eu havia me acomodado.
Consegui trocar de emprego e o novo time que entrei era composto por profissionais muito bons, muitos com anos de experiência em tecnologias avançadas e metodologias modernas. No meu primeiro dia, me vi cercada por conceitos que eu havia visto anos atrás na graduação e processos que nunca havia usado na prática. Foi incrível e assustador.
Com o tempo, percebi que estar rodeada de pessoas mais experientes não era algo intimidador, mas sim uma oportunidade incrível. Comecei a absorver tudo: lia os códigos mais antigos para entender o histórico de decisões do time, buscava nos feedbacks negativos as lições para continuar crescendo, principalmente, pedia ajuda sem medo. Deixei para trás o ego de especialista que havia construído na empresa anterior e me coloquei na posição de aprendiz novamente para crescer cada vez mais.
Olhar para trás e refletir sobre essa jornada me faz entender a importância de buscar ambientes onde possamos ser desafiados e, ao mesmo tempo, acolhidos. Ser o pior do time não significa ser incapaz, mas sim ter a humildade de reconhecer onde podemos melhorar e a coragem de se colocar em situações que nos tirem da zona de conforto.
Se hoje pudesse dar um conselho para quem sente que está estagnado, seria: encontre um lugar onde tu possas aprender com os melhores, mesmo que isso signifique ser o pior por um tempo. Porque é ali, no desconforto, que a mágica do aprendizado acontece.
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